No momento atual, os principais fatores de risco para o próximo ano são:
3. Riscos políticos - protecionismo ou guerras comerciais ao nível das principais potências económicas podem ter um efeito menos negativo que se antecipa. Por um lado, a economia chinesa está a modificar-se mais rapidamente que o previsto, tornando-se mais centrada nos serviços e observando menores excedentes comerciais. A queda do superavit comercial chinês acontece numa fase em que o renmimbi ainda não beneficia da posição de reserva de valor e unidade de conta idêntica ao dólar americano e em que a dívida pública norte-americana está em máximos históricos. A subida das taxas de juro nos EUA ajuda o financiamento do Tesouro por investidores domésticos, reduzindo os fluxos de capitais para o exterior. Coincidindo com uma fase em que a China poderá ter incentivos crescentes para atrair capital. Por via destes desequilíbrios, o tom da confrontação pode conter-se, reduzindo o risco de instabilidade. Acresce que os sinais de queda de encomendas, por exemplo na Europa, pode ser um mero fenómeno temporário, dada a melhoria observada nos últimos indicadores publicados;
4. Remoção do carácter acomodatício da política monetária - nos EUA, a Reserva Federal já iniciou o encolhimento do seu balanço, vendendo ativos, e a subida da taxa diretora. Na área do euro, apenas no final do ano o BCE dará o primeiro passo no sentido de progressivo abandono de políticas não convencionais. Porém, a divulgação de indicadores económicos menos robustos nos EUA e na Europa poderá condicionar o ritmo de normalização das taxas de juro. O discurso mais recente do presidente da Reserva Federal e os rumores de que o BCE manterá a concessão de liquidez aos bancos em modo acomodatício apontam para menos riscos de inversão brusca e intensa do pendor da política.
A expansão económica vai longa, quase todas as classes de ativos apresentam valorizações históricas máximas, a folga produtiva é reduzida, a dívida permanece elevada e as taxas de juro estão a subir, numa altura em que o motor do crescimento por via externa e os baixos preços da energia podem estar comprometidos. Portanto, é natural a apreensão com o próximo ano que se apresenta mais arriscado do que anos anteriores. Contudo, por algumas boas e por outras menos boas razões, a maioria dos principais fatores de risco apresenta elementos de autocontenção, os quais podem, se não evitar, pelo menos mitigar o seu impacto, no caso de o cenário mais pessimista se concretizar.
Economista
Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
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